A Ponta da Pila
Um blog sobre a ponta da pila. Ou sobre coisas tão interessantes como a ponta da pila. E sobre outras de que me for lembrando entretanto.
quinta-feira, outubro 26
Coisas pequenas e coisas grandes
Por consideração para com as pessoas que não gostam de ler coisas extensas, resolvi criar uma entrada com qualquer coisa que não prive as pessoas do seu precioso tempo mais do que o estritamente necessário. Poderão ler isto enquanto tomam o café da manhã e vão alternando a leitura com a resolução do sudoku ou das palavras cruzadas, ou com o update das últimas peripécias do casal Castelo Branco, ou seja lá o que for que vos excite logo pela manhã (Penthouse é um nome que vem à cabeça).
Começa aqui: -------------------->
--------------------------> e acaba aqui.
Não custou nada, pois não?
Sintam-se iluminados.
segunda-feira, outubro 23
O stress
Eu ia fazer uma pergunta filosófica e tecer-lhes umas consideraçõezecas, mas assim que meti os dedos por cima do teclado apercebi-me imediatamente da resposta.
A pergunta é: porque é que as pessoas stressam tanto?
A resposta é: porque querem foder.
As pessoas stressam porque são ambiciosas. Stressam porque não podem pura e simplesmente cagar de alto. Aprenderam que quando se caga de alto não se chega tão longe na escala social e profissional. O mundo é das pessoas que se mexem e correm dum lado para o outro e não conseguem ficar quietas. Pessoas que fazem coisas. Pessoas que vencem obstáculos. Vencer obstáculos dá dinheiro, ou respeito ou admiração. E pessoas que tenham destas três coisas são considerados vencedores, que é o que todos querem ser considerados porque os vencedores é que levam a rainha do baile de finalistas para casa.
Se fôssemos alces podíamos mascar folhas e contemplar a relva a crescer durante a maior parte do ano e quando chegasse a altura apropriada, marrávamos os cornos noutros alces - o que até era giro - e depois íamos para casa foder a alça. Aliás, era muito mais simples do que isso - não havia casa, fodia-se mesmo ali, ao sabor da brisa primaveril dos bosques. Com um grau de complexidade destes associado à coisa, até faz sentido foder o vencedor - sempre dá para os alces se entreterem uma vez por ano. Seria o Festival Anual de Marrar os Cornos e Foder.
Mas não somos alces, e por isso temos mais potencialidades do que mascar folhas e contemplar placidamente os profundos mistérios do universo (é o que fazem os alces quando não têem mais nada para fazer) - temos mãos que dão para coçarmos os tomates, entre outras coisas de menor importância. E temos um cérebro defeituoso que começou a inchar e agora nos permite fazer merda aos baldes (no sentido figurado). E aprendemos que se cagarmos no chão do terreno do festival de marrar os cornos e foder podemos fazer o adversário escorregar e vencêmo-lo facilmente. Passamos é a ter um festival que dura dois dias porque temos que ir lá de véspera cagar. E por indução chegamos ao nosso estado actual. O Festival Anual de Marrar os Cornos e Foder já não tem nada de anual, nem de marrar os cornos. Está-se o ano todo a fazer todos os truques possíveis para se estar sempre um passo à frente dos outros alces, sem nunca sequer chegarmos a marrar os cornos. Porque já não é preciso marrar os cornos, é como no xadrez - basta fazer com que o rei não tenha para onde fugir, não é estritamente necessário ir lá e rebentar-lhe o focinho. Passamos o ano todo a cagar na frente uns dos outros, ou a desbravar mato para termos sítios onde ainda não nos tenham cagado.
Acabámos por perverter o festival. Agora é só truques e manhas que já não fazem sentido para uma coisa tão simples como foder o vencedor. Porque agora temos que dedicar o ano todo a cagar em todos os cantinhos para não perdermos a nossa vantagem e não nos fica tempo para ponderarmos sobre os mistérios do universo.
Os alces é que sabem.
sexta-feira, outubro 20
A linha amarela
A linha amarela do metro é um sítio muita bizarro, onde as carruagens estão todas ligadas como naqueles autocarros grandalhões com articulações. Quando o metro trava, há uma grande corrente de ar que vem do fundo do metro, e quando acelera outra que vem da frente.
Não sei porque é que as carruagens estão todas ligadas nesta linha, e não o estão ou nas linhas todas ou em nenhuma. Talvez o director do metro conheça uma gaja que costuma andar na linha amarela e a queira impressionar. Ou talvez a linha amarela calhe não passar em nenhuma zona com putas e então acharam que era impróprio mudar os comboios nas outras linhas e mudaram só nesta. Afinal de contas, um gajo que vá pás putas no metro se for numa carruagenzinha toda pipi é capaz de perder o espírito todo. Talvez até tenham andado carruagens ligadas durante uns tempos em toda a rede do metro mas eles tenham recebido cartas de protesto por esta mesma razão e tenham voltado a pôr as antigas. De qualquer forma é estranho.
Outra coisa engraçada acerca da linha amarela são as pessoas que nela andam. Talvez seja também por isso que elas têem os comboios apaneleirados, ou então talvez estas pessoas se tenham mudado para um sítio onde andem na linha amarela do metro precisamente por causa das carruagens. Os comboios da linha amarela estão carregados de gajos com calças que eu suponho que eles acham que são muito fashion, e se calhar até são - são invariavelmente coloridas, isto é, as calças não podem ser todas duma só cor, como quaisquer calças de ganga (ou quaisquer calças mesmo), mas têem ou que ter assim um ar como se tivessem sido feitas de retalhos coloridos de várias calças de bombazina, ou então são calças de ganga normais *mas* têem assim uma espécie de vincos pré-fabricados à volta dos quais as calças mudam de cor, julgo eu que para dar aquele ar de que as calças são gastas e originalmente eram azuis mas agora são amareladas, porque o dono é muita dread - excepto que não enganam ninguém. Aliás, eu acredito que as calças são feitas já a pensar que não vão enganar ninguém, e esta história do faz-de-conta-mas-afinal-não-é-bem-assim é uma espécie de forma de arte, ou é fashion, ou não sei, porque ninguém pode ser imbecil a esse ponto. *SE* a pessoa tiver MESMO que andar naquela linha sem calças coloridas, então no mínimo as calças têem que ter umas costuras feitas em sítios onde não são precisas (costuras feitas na fábrica, coisas caseiras são extremamente desagradáveis) de modo a evidenciar que não são umas calças de ganga quaisquer (deus nos livre!). Excusado será dizer que o resultado final é que parece que a linha amarela é a São Francisco de Lisboa. É muito cultural ter uma São Francisco em Lisboa, como temos uma espécie de chinatown e o CC da mouraria - atesta tudo a nossa multiculturalidade e adaptabilidade. Mas andar num comboio cheio de paneleiros não é bem uma perspectiva porreira para uma sexta à tarde. Ou para qualquer outro dia. Eu quando lá andei tinha umas calças de ganga azuis, que não compreendo muito bem como passaram. Devo ter-me desencontrado com o oficial de controlo de roupa apaneleirada quando ele fez uma pausa para ir à casa de banho. Acho que dei a volta ao estômago de muita gente por ir para lá vestido dessa maneira.
As gajas que andam na linha amarela andam todas vestidas num estilo ali algures entre o puta e o executiva. Bom, andam é vestidas como executivas, porque as executivas de facto parecem-se todas com umas putas. Mas isso já é outra história.
terça-feira, outubro 17
Uma reflexão profunda acerca da humanidade em geral
Porque é a humanidade tão imbecil? A parte animal de nós não devia ser imbecil, porque os animais não são imbecis. São porventura um pouco burros mas nunca imbecis. Será que é o animal que reage com o humano e gera o imbecil?
A arte é uma forma de imbecilidade. Teremos dentro de nós uma vontade de expressar arte como meio de mostrar aos outros o imbecil que somos? A vontade de imprimir a nossa pessoa no universo que nos rodeia é uma pulsão animal - se ficarmos caladinhos a um canto não fodemos porque ninguém nos liga. Talvez a abordagem freudiana seja um bocadinho obcecada demais com a pila, mas a verdade é que é uma explicação muito convincente. Toda a gente quer foder, e sem dizer merda não se fode. A menos que nunca ninguém diga merda - mas aí em terra de cegos quem tem um olho é rei.
Não dizer merda é aborrecido, no fundo resume-se a isso. E quando estamos num grupo de gente que não aprecia a fina arte de dizer merda sentimo-nos um bocadinho coibidos de dizermos nós merda, e esgotam-se as opções para mostrarmos o belo imbecil que vai dentro de nós. Ao passo que ligarmo-nos com uma pessoa que partilha generosamente a merda com todos os que o rodeiam de certa maneira baixa os padrões e permite que também nós partilhemos a merda que nos vai na alma ou nas tripas cerebrais com os outros.
Dizer merda é marketing. O marketing é todo um chorrilho de merda e afinal de contas se não resultasse ninguém se punha a gastar guito com isso. É muito difícil convencer uma pessoa duma coisa que não é bem bem verdade sem ser invocando argumentos de merda que peguem porque são merda. Porque apelam ao imbecil dentro de nós. Claro, todos temos a mania que somos muito inteligentes e que essas coisas não pegam connosco. Mas estatísticamente falando têem que pegar. Se não pegam umas pegam outras.
Argumentos convincentes nunca convenceram ninguém a menos que esse alguém quisesse ser convencido. A história do mundo é feita de grandes líderes que só pensavam e diziam merda em geral aconselhados por gente aborrecida que até sabia mais ou menos do que é que estava a falar. Só que esses gajos espertos quando vão a dizer aquilo que deve ser feito dizem-no duma maneira aborrecida (i.e. sem dizer merda) e ninguém lhes liga. O pessoal quer é sal. Veja-se lá o Paulo Coelho. Chorrilhos de merda a torto e direito, mas é merda de qualidade. Ninguém quer saber das leis de Newton. Ninguém quer saber das taxas de juro dos bancos. Ao pessoal só lhes interessa se podem coçar o rabo num T5 ou se têem que o coçar numa roulote.
Temos a filosofia New Age, a IURD e a Igreja da Scientologia. Um gajo que escreve livros de ficção científica que são tão idiotas que eu chorava às escondidas se pensasse que tamanha grunhice tinha saído da minha cabeça. E faz a religião mais idiota do mundo baseada na merda que ele escreveu e mais uns cheirinhos condizentes e agora limpa o rabo às notas maiores de dólares que por aí houver.
Acho que os exemplos até são desnecessários. Convivemos com estas coisas todos os dias a toda a nossa volta.
A questão é mesmo porquê. Porque queremos foder? Então porque não fodemos os gajos com os bícepes grandes? Bom, vocês fodem-nos. Eu curto mesmo é gajas. E fodo as que têem as mamas grandes, não fico à espera que elas abram a boca para decidir. É um critério abençoadamente simples. Tem mais umas subtilezas, mas enfim - o cerne da questão acaba sempre por ir bater nas mamas.
De qualquer modo o assunto aqui não são as mamas. É o dizer merda. É talvez uma daquelas questões transcendentes que nunca serão esclarecidas. Com a de deus existe ou não ou porque são as mulheres todas umas putas. Há coisas que não foram feitas para se saberem.
sexta-feira, outubro 13
Uma Pila em três pinceladas rápidas
1. A pila é direita.
2. A pila tem uma ponta redonda, a que se chama cabeça.
3. Há um buraquinho mesmo mesmo na pontinha, por onde saem merdas.
Retoques:
- A pila pode ser decorada. Com anéis ou outra merdas metálicas agarradas numa variedade de sítios
- A pila é uma coisa sobre a qual há pouco a dizer, mas sobre a qual se pode dizer muita coisa
- A pila não costuma ser um bom tema de conversa, daí esta opinião por escrito
- A pila podia dar um excelente tema para diversos escritos, se não fosse tão só apenas uma simples pila.
- Como qualquer assunto, há uma infinidade de coisas que podem ser ditas da pila
- 8=>.
segunda-feira, outubro 9
O Princípio da Conservação de Grunhos
Ocorreu-me hoje enquanto andava no metro, e achei que seria uma reflexão boa para partilhar com toda a gente, dado que a maioria das pessoas que anda de metro, que até são muitas, costumam andar de metro e portanto devem sentir-se indentificadas com a experiência. E como são muitas... bom...
Então é mais ou menos assim: Na alameda, há (localmente) aí umas 10 pessoas que saem da carruagem. E umas 9 que entram. Depois em arroios, há 1 pessoa que sai, e duas pessoas que entram. Nos anjos saem 3 e entram 2, no intendente não sai ninguém, *mas* também não entra ninguém (ainda deve ser cedo para ir às putas). No rossio há uma circulação de prái 5 para cada lado, no martim moniz não me lembro e na baixa chiado sai quase a carruagem toda, mas a massa de grunhedo é imediatamente substituída por outra massa de igual valor (aproximadamente), que prontamente desembarca em bloco no cais do sodré, deixando a carruagem vazia. Desde a alameda até ao cais do sodré, a carruagem vai exactamente cheia até à pinha, e sempre cheia da mesma maneira - cheia até à pinha é um termo um tanto vago, dado que cabe sempre mais um - isto é, de grosso modo há sempre o mesmo número de pessoas ou grunhos dentro do metro, isto apesar de haver um fluxo considerável de passageiros em cada estação.
Isto leva-me a elaborar um postulado, que será conhecido como o "Princípio de conservação de grunhos" - numa dada viagem de metro, a massa de grunhos será conservada ao longo de todas as estações, a menos da massa do grunho médio (porque os grunhos são quantizados). Isto é: imaginemos que uma carruagem leva 50 grunhos com peso médio de 60kg. Temos 3 toneladas de grunhos. Ao longo de toda a viagem, entram grunhos e saem grunhos, e como nem todos os grunhos pesam o mesmo, o peso total irá variar. No entanto, se entrar um grunho particularmente massivo - apelidemo-lo coloquialmente de "bola de gordura e pêlos nojenta que fede" para facilitar a referência - a nossa bola de gordura e pêlos nojenta que fede poderá pesar quase 2 grunhos médios, ficando um bocadinho aquém. Ora, é contraproducente ter necessariamente que despachar 2 grunhos leves só porque a bola de gordura e pêlos nojenta que fede entrou - isso limitaria a livre circulação de grunhos, por isso façamos sair 1 ou 2 grunhos médios - e as nossas 3 toneladas variarão para 3 toneladas e um bocadinho, ou um bocadinho menos que 3 toneladas, sempre dentro do intervalo do peso médio do grunho - 2940kg e 3060kg. Este valor manter-se-á constante ao longo da viagem, por mais permutações de grunhos que façamos - podemos por exemplo meter 10 bolas de gordura e pêlos nojentas que fedem gradualmente enquanto fazemos sair uns 17 ou 18 grunhos médios, de modo que apesar de todas as permutações, a massa global se mantêm (mais ou menos) constante.
Creio que este postulado poderá vir a ser de importância crítica para a ciência no futuro, e que permitirá extraordinárias descobertas que impulsionarão o saber da humanidade para novas fronteiras, novos desafios, e tornarão as vidas dos nossos netos e bisnetos muito mais ricas e felizes que as nossas.