O stress
Eu ia fazer uma pergunta filosófica e tecer-lhes umas consideraçõezecas, mas assim que meti os dedos por cima do teclado apercebi-me imediatamente da resposta.
A pergunta é: porque é que as pessoas stressam tanto?
A resposta é: porque querem foder.
As pessoas stressam porque são ambiciosas. Stressam porque não podem pura e simplesmente cagar de alto. Aprenderam que quando se caga de alto não se chega tão longe na escala social e profissional. O mundo é das pessoas que se mexem e correm dum lado para o outro e não conseguem ficar quietas. Pessoas que fazem coisas. Pessoas que vencem obstáculos. Vencer obstáculos dá dinheiro, ou respeito ou admiração. E pessoas que tenham destas três coisas são considerados vencedores, que é o que todos querem ser considerados porque os vencedores é que levam a rainha do baile de finalistas para casa.
Se fôssemos alces podíamos mascar folhas e contemplar a relva a crescer durante a maior parte do ano e quando chegasse a altura apropriada, marrávamos os cornos noutros alces - o que até era giro - e depois íamos para casa foder a alça. Aliás, era muito mais simples do que isso - não havia casa, fodia-se mesmo ali, ao sabor da brisa primaveril dos bosques. Com um grau de complexidade destes associado à coisa, até faz sentido foder o vencedor - sempre dá para os alces se entreterem uma vez por ano. Seria o Festival Anual de Marrar os Cornos e Foder.
Mas não somos alces, e por isso temos mais potencialidades do que mascar folhas e contemplar placidamente os profundos mistérios do universo (é o que fazem os alces quando não têem mais nada para fazer) - temos mãos que dão para coçarmos os tomates, entre outras coisas de menor importância. E temos um cérebro defeituoso que começou a inchar e agora nos permite fazer merda aos baldes (no sentido figurado). E aprendemos que se cagarmos no chão do terreno do festival de marrar os cornos e foder podemos fazer o adversário escorregar e vencêmo-lo facilmente. Passamos é a ter um festival que dura dois dias porque temos que ir lá de véspera cagar. E por indução chegamos ao nosso estado actual. O Festival Anual de Marrar os Cornos e Foder já não tem nada de anual, nem de marrar os cornos. Está-se o ano todo a fazer todos os truques possíveis para se estar sempre um passo à frente dos outros alces, sem nunca sequer chegarmos a marrar os cornos. Porque já não é preciso marrar os cornos, é como no xadrez - basta fazer com que o rei não tenha para onde fugir, não é estritamente necessário ir lá e rebentar-lhe o focinho. Passamos o ano todo a cagar na frente uns dos outros, ou a desbravar mato para termos sítios onde ainda não nos tenham cagado.
Acabámos por perverter o festival. Agora é só truques e manhas que já não fazem sentido para uma coisa tão simples como foder o vencedor. Porque agora temos que dedicar o ano todo a cagar em todos os cantinhos para não perdermos a nossa vantagem e não nos fica tempo para ponderarmos sobre os mistérios do universo.
Os alces é que sabem.
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